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segunda-feira, 7 de março de 2016

Homônimo, capoteiro é chamado a depor em processo da Lava Jato

Homônimo, capoteiro é chamado a depor em processo da Lava Jato

Jorge Washington Blanco foi convocado pelo Ministério Público Federal.
Sérgio Moro encerrou depoimento dizendo que teria ocorrido um engano.

Fernando CastroDo G1 PR
Um capoteiro de Belo Horizonte (MG) foi arrolado por engano como testemunha pelo Ministério Público Federal (MPF) no processo contra o pecuarista José Carlos Bumlai na Operação Lava Jato. Na audiência, ao perceber o erro, o procurador encerrou rapidamente as perguntas e passou a palavra ao juiz Sérgio Moro, que terminou o depoimento afirmando se tratar de um caso de homônimo. (Veja o vídeo acima)
Capoteiro é o profissional que trabalha com restauração e estofamento de bancos de automóveis. No diálogo, o procurador chega a questionar se a testemunha já trabalhou no Banco Schahin – instituição suspeita de envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras.
A audiência ocorreu na manhã de sexta-feira (4). O depoimento de Jorge Washington Blanco durou pouco mais de dois minutos. Ao iniciar a oitiva, o juiz, como de praxe, advertiu a testemunha que ela poderia manter-se em silêncio e que não deveria mentir.
Na sequência, passou a palavra ao procurador Diogo Castor de Mattos, que começou a questionar Blanco, natural de Belo Horizonte, e que prestou depoimento por videoconferência desde Minas Gerais. Veja a transcrição do diálogo:
Procurador: Bom dia senhor Jorge, tudo bem?
Testemunha: Bom dia, tudo bem.
Procurador: O senhor pode esclarecer a sua atividade profissional durante o ano de 2009?
Testemunha: Eu sou capoteiro.
Procurador: Capoteiro?
Testemunha: É.
Procurador: O senhor trabalhou durante algum período no Banco Schahin?
Testemunha: Não.
Procurador: O senhor esteve alguma vez com Jorge Luiz Zelada?
Testemunha: Não conheço.
Procurador: Sem mais perguntas, excelência.
Juiz: Assistente de acusação tem perguntas?
Assistente de acusação: Sem perguntas.
Juiz: Os defensores têm alguma indagação?
Defensor não identificado: Se trata de outra pessoa, seria um uruguaio, ou argentino.
Juiz: Eu não tenho ideia, doutor, a testemunha é da acusação. Bem, talvez o senhor tenha sido chamado por engano, por alguma questão de homônimo. Eu declaro encerrado o seu depoimento, não tenho indagações.
O G1 procurou o MPF que em nota informou que, de fato, se tratou de um caso de pessoa com o mesmo nome.
"Jorge Washington Blanco foi identificado como estrangeiro e, por não ser testemunha imprescindível para comprovação dos fatos e para não atrasar a instrução de réus presos, não será ouvido", afirma o MPF.
Outro caso
Esta não é a primeira vez que testemunhas são arroladas por engano em processos derivados da Operação Lava Jato. Em março de 2015, a defesa do doleiro Alberto Youssef convocou por engano um funcionário do Banco Safra. Na ocasião, o próprio doleiro percebeu o equívoco ao ver a fisionomia de Américo Esteves Neto.
“Se tratava de fato de uma pessoa chamada Américo, a defesa tentou diligenciar perante o Banco Safra quem poderia ser eventualmente o Américo pretendido pela defesa para ser ouvido. Chegamos à pessoa do Américo Esteves, mas, agora olhando no link, o meu cliente não reconheceu a fisionomia dele como sendo ele. Eu gostaria de desistir da oitiva da testemunha”, afirmou o advogado à época.

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